terça-feira, 20 de abril de 2021

Entrevista

Entrevista
Nádia: Quais os motivos que a levaram à escolha deste curso?
Rita: Basicamente, quando acabei o secundário não sabia bem o que queria seguir, mas sabia que queria algo relacionado a crianças, e como sou professora de dança, a arte é a melhor forma de tentarmos chegar aos jovens, é a maior forma de comunicação. Quando acabei o secundário senti muito aquela pressão de "O que queres seguir agora" e então, como não sabia o que queria seguir, fiquei um ano a trabalhar em campos de férias, era num ATL onde tinha determinadas atividades relacionadas com direitos humanos ou sexualidade, tudo. Eram atividades muito artísticas e que eu sempre gostei muito e então começou a surgir um gosto pela área social, depois no ano seguinte fiz a candidatura na universidade e entrei, hoje em dia adoro o curso e sinceramente, não me imagino a fazer outra coisa.
 
Letícia: O curso corresponde às suas expectativas?
Rita: Então, basicamente, a disciplina em que vocês estão a fazer a entrevista, cidadania, aborda diversos temas relacionados com a sociedade: preconceito, igualdade, tudo mais, e foi um bocadinho de encontro às minhas expectativas, por um lado, porque, basicamente nós estudamos muitas das coisas que acontecem no nosso dia a dia, por outro lado, o curso não é tão bom em termos práticos, porque quando nós aprendemos mais é com o contacto com as pessoas e neste momento, devido ao Covid as nossas unidades curriculares são todas teóricas.
 
Nádia: De que forma este curso se relaciona com os direitos humanos?
Rita: Então, basicamente o nosso papel, do educador social, é consciencializar a população dos seus direitos e dos seus deveres, ou seja...basicamente o meu papel é ajudar não só crianças, como adultos, idosos, a terem consciência que têm direitos, para acabar de certa forma com a homofobia, com o machismo... e mostrar que nós todos somos iguais, que ninguém é mais que ninguém e que na sociedade em que nós estamos toda a gente tem que se aceitar. Um dos direitos que nós temos... basicamente vocês tipo, têm noção que têm direitos, os direitos das crianças e também têm noção que existe o direito de ter acesso a bens e a serviços, têm direito à igualdade, direito a terem voz numa sociedade e basicamente o papel do educador social vai de encontro a isso, é ajudar-vos a mostrar que têm voz, que conseguem tanto como qualquer outra pessoa, proporcionar a oportunidades.
 
Letícia: Como pode contribuir para garantir que os direitos humanos sejam cumpridos?
Rita: Eu não consigo garantir nada, é parte também dos outros terem consciência, eu apenas vou ensinar, vou mostrar que têm direitos mas parte dos outros, também serem indivíduos ativos numa sociedade, eu simplesmente vou dar capacidade, eu não consigo garantir que as pessoas vão agir em conformidade. Basicamente o meu objetivo é tornar o mundo um bocadinho melhor, mas não consigo garantir nada.
 
Nádia: Atualmente já participas em ações ou voluntariado selecionados com este tema?
Rita: Sim, na universidade, umas das coisas que nos incentivam a fazer é voluntariado, por acaso a última vez que o fiz foi  na Refood que é uma associação que oferece alimentos às pessoas mais carenciadas , em Faro, é uma organização sem fins lucrativos.
 
Rita: Então, agora tudo numa forma resumida, eu posso trabalhar para fazer este tipo de ações numa sociedade, eu posso trabalhar com pessoas homossexuais, eu posso trabalhar com reclusos, que são pessoas que estão presas ou que saíram, eu posso trabalhar com vítimas de violência doméstica, idosos, crianças com necessidades educativas especiais, com indivíduos da etnia cigana, posso trabalhar com todo o tipo de população, e o meu objetivo é dar-lhes condições para terem vidas melhores, por isso é o que eu digo, não consigo garantir que eles vão ter sempre direitos na sociedade, o que eu vou fazer é mexer-me, como boa cidadã, e mostrar que existe uma possibilidade de sair de todo o meio tóxico que a sociedade por vezes cria, acabar com estes tipos de preconceitos e tornar a vida das pessoas um bocadinho melhor. Eu faço planos de vida basicamente. 

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